sexta-feira, 20 de maio de 2011

AMERICANOS EM NORONHA

      O ajustamento para a instalação de um Posto de Observação de Teleguiados dos Estados Unidos na ilha de Fernando de Noronha, em 1957, tinha como base legal, atos diplomáticos assinados entre o governo brasileiro e dos Estados Unidos no período da Segunda Guerra Mundial. Como por exemplo, a Conferência dos Chanceleres, na cidade do Rio de Janeiro, que decidia sobre a exclusividade das forças armadas norte-americana, a tarefa da defesa hemisférica; a Conferência do México (1945) e o Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (1947). Ambos reforçados majoritariamente em 1952, esses pactos militares forneciam assistência militar, treinamentos e equipamentos, em especial nos estoques norte-americanos. MOURA (1990) destaca que até meados da década de 1960, mais de 02 bilhões de dólares tinham sido utilizados nesses programas.
      O clima frio de uma guerra de escalas internacionais não era tão fácil de ser percebida na ilha, já que o isolamento submetido aos que lá residiam engendrava um certo quê de esquecimento do ‘mundo lá fora’. Esquecimento esse que mais tarde também seria experimentado pelos ‘americanos’ que para lá eram enviados.
      Para Noronha foi destinada um contingente de 150 norte-americanos vindos em seis navios e desembarcaram grande quantidade de material em helicópteros que atravessaram os céus da ilha, baixando em clareiras, abertas na ponta da Sapata, Morro do Francês e Ilha Rata. Ali, construíram acampamentos. 
      Aos habitantes da ilha restava apenas observar os helicópteros que carregava tudo para ‘iglus’ serem erguidos. Era o “milagre” americano que mudaria a vida deles para melhor. E isso significava dólar e trabalho.
RUÍNAS DO POT - EUA

      A concessão da ilha a esses estrangeiros foi para o prazo de cinco anos e mudaria de certo o dia a dia de uma ilha em pleno Oceano Atlântico.

Pesquisa desenvolvida por Grazielle Rodrigues. Fernando de Noronha e os Ventos da Guerra Fria. Dissertação de mestrado. UFPE, 2009. http://lattes.cnpq.br/9417472743874115

sábado, 14 de maio de 2011

PRESIDIO DE FERNANDO DE NORONHA

Que vida levava os sentenciados do Presidio de Fernando de Noronha?

        Para alguns as imagens que surgem a mente sobre a ilha de Fernando de Noronha é a de um paraíso intocável e que levado na epistemologia da palavra, pode-se dizer que Noronha é sinônimo de paraíso. Para Genaro Pinheiro, Noronha fora ordenada, “fazendo surgir da agitada planície do mar a imponência do seu relevo, vestido com a rude vegetação típica dos sertões e dominado pelo monólito do Pico, rupestre sentinela milenar dos seus limites. O seu contorno é marcado por falésias talhadas na rocha vulcânica, ou por encostas que levam a praias de areia, ou orladas por negros colares de pedras roladas, que lembram ovos fósseis de gigantescos sáurios pré-históricos, fantásticos antepassados da delicada“ Mabuya Maculata.”

Porém, àqueles que a habitaram antes mesmo de 1817, não a viam como tal. Mas tinha-se uma idéia de lugar de degredo, que desconstruía o imaginário de paraíso relatado pelo próprio Genaro. Pois, Noronha para esses, era sinônimo de local que aprisiona o espírito ou a carne. Assumia uma tripla função: “punir, defender a sociedade, isolando o malfeitor para evitar o contágio do mal e inspirando o temor ao seu destino, corrigir o culpado para reintegrá-lo à sociedade, no nível que lhe é próprio”, recebendo os não bem-vindos, os criminosos reincidentes e vários tipos de detentos, desterrados, exilados.

            Mas, que vida levava tais sentenciados? Na documentação sobre a história do presídio, percebe-se que não havia sentinelas suficientes que vigiassem atentamente os passos dos aprisionados. Havia o mar, e para tal não existiam meios seguros de burlá-lo. Esse cotidiano fugia ao controle por meio da visibilidade total e permanente dos indivíduos. Noronha não contava com aparatos arquitetônicos ao ato de vigiar. E a vida por essa ilha girava em torno dos trabalhos e da tentativa de viver dentro de tal espaço. E “tendo encontrado neste presídio alguns sentenciados distraídos do serviço nacional e estabelecidos com casa de comércio de gêneros alimentícios, julgando por demais prejudicial a disciplina e a moralidade que aqui devem ser mantidas,... determinei... que fossem tais casas fechadas e chamados para o serviço os sentenciados que dele estavam distraídos. Alguns estudioso sobre prisão, relatam que o primeiro efeito da prisão é a “mortificação do ego e a prisionalização do indivíduo”. E a ordem era mantida a duras penas.

Neste sentido, os motins, levantes, rebeliões e revoltas poderiam ser constantes. No entanto, o que se percebe é que mesmo com o rigor para se manter a “disciplina e a moralidade”, não se encontram mais de três revoltas promovidas por sentenciados, e uma promovida pelos próprios militares, entre os anos de 1850 a 1870.

A Ilha do Fernando era um presídio de fato, mas existia uma vida que se articulava e imbricava para além das determinações de encarceramento, com casas de comércio, muitas vezes estabelecidas pelas próprias esposas dos sentenciados; as paisanas, as casas de presos que podiam viver com suas famílias e trabalhar. Os mais perigosos eram reclusos aos fortes e a Aldeia, ou em casos extremos enviados a Ilha Rata (prisão dentro da prisão). Mas o dia-a-dia era percorrido sem grades. Os sentenciados “andavam livres dos ferros”.

A ilha de Fernando surpreende com sua documentação, revelando aos poucos um cotidiano atípico a realidade carcerária existente no continente. Uma história rica e repleta de sussurros narrativos por serem revelados.

(texto retirado do site: noronhamultifacetado.multiply.com)

domingo, 8 de maio de 2011

FRANCESES NO BRASIL

Franceses no Brasil
Brasil colonial sofreu duas grandes invasões
Da Página 3 Pedagogia & Comunicação

No século 16, quando teve início a sua expansão marítima, a França vivia um período de relativo equilíbrio político, depois de uma fase marcada por lutas internas no plano religioso e social. O rei Francisco 1º exercia sua autoridade sem contestação. A economia crescia, as artes e ciências progrediam, ainda refletindo as grandes mudanças decorrentes do Renascimento italiano.

Pouco tempo após a chegada dos primeiros portugueses ao litoral brasileiro, os franceses já marcavam sua presença na região, desde a foz do rio Amazonas ao Rio de Janeiro. Já em 1504 o navio Espoir (Esperança), comandado pelo capitão Paulmier de Gonneville, alcançou o litoral brasileiro à altura de Santa Catarina.

Esse tipo de expedição, empreendida tanto por armadores quanto por corsários, passou a ficar tão freqüente que, em 1526, veio de Portugal uma frota com objetivo específico de patrulhar a costa e expulsar os franceses que navegavam naquela região. No comando estava Cristóvão Jaques, que, dez anos antes, já havia percorrido o litoral brasileiro em uma expedição guarda-costas. Dessa última vez a sua frota chegou a enfrentar naus francesas, aprisionando tripulantes.
Mercadores e corsários


Em 1534, o capitão francês Jacques Cartier chegou ao estuário do rio São Lourenço, no atual Canadá. Ali, os franceses se estabeleceram para construir uma colônia. Somente bem mais tarde, já no século 17, é que ela se desenvolveria, mas o interesse francês na América prosseguiu: corsários e mercadores das regiões francesas da Bretanha e da Normandia continuaram a incluir o Brasil entre seus objetivos.

Em termos econômicos, a principal atração do território brasileiro era o
pau-brasil, madeira de cor avermelhada utilizada no tingimento de tecidos, já que na época a indústria têxtil na França, bem como no restante da Europa, estava em pleno desenvolvimento.
A França Antártica


Em 1555, os franceses invadiram o Rio de Janeiro e construíram o forte Coligny numa das ilhas da baía da Guanabara: estava assim fundada a França Antártica, que teve cinco anos de vida. A colônia francesa foi desbaratada pelos portugueses, sob o comando do terceiro governador-geral, Mem de Sá, em 1560.

Mas o fim da França Antártica não significou a expulsão definitiva dos franceses do litoral sul e sudeste do Brasil. Corsários e comerciantes continuaram o tráfico de pau-brasil com a mesma freqüência, inclusive na própria região da baía da Guanabara. Mem de Sá enviou então seu sobrinho
Estácio de Sá para erguer uma fortaleza no local. Ela ficou pronta em 1565 e deu origem à cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mesmo assim, somente dois anos depois é que os franceses seriam expulsos de vez da Guanabara.
A França Equinocial


Os franceses passaram então a ocupar territórios mais ao norte e a nordeste do Brasil, sempre buscando comerciar com os índios: peles, madeira, algodão, pimenta e outros produtos, além de animais como macacos e papagaios.

Em 1584 foram expulsos da região que hoje corresponde ao estado da Paraíba, o mesmo ocorrendo a seguir em Sergipe, Rio Grande do Norte e Ceará. Mas eles retornariam mais tarde, desta vez no Maranhão, tendo à frente Daniel de la Touche. Ali, fundaram, em 1612, a atual capital do estado, São Luís, e uma colônia que chamariam de França Equinocial. Dali seriam expulsos três anos depois.
Piratas e intelectuais


Em 1616, perderiam seu último território no país, o Pará. Depois disso, instalaram-se ao norte do continente sul-americano, na região que hoje é a Guiana. Durante o século 18, corsários franceses ainda assolaram o Rio de Janeiro, invadido por duas vezes para saque do ouro das Minas Gerais que o porto escoava.

No século seguinte, após a independência do Brasil, a França passou a exercer outro tipo de influência sobre o país, desta vez no aspecto mais estritamente cultural, e que se estendeu ainda ao longo do século 20. Por exemplo, vários professores franceses lecionaram no departamento de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, que ajudaram a fundar.


RETIRADO SITE: http://educacao.uol.com.br/historia-brasil/ult1702u49.jhtm